Afastamentos por Síndrome de Burnout crescem 114,80% – Parte 2

RELATO: ‘O AMBIENTE DE TRABALHO PODE SER ADOECEDOR’

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Mariana Bittencourt, professora Sou professora da rede estadual de educação desde o ano de 2011.

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Em determinado momento da vida comecei a me sentir esgotada, deprimida. Me arrumava pra ir ao trabalho e começava a sentir dor de cabeça, vomitava e desistia de sair pra trabalhar. Tudo passava e um sentimento de culpa aparecia, junto com a vontade absurda de não sair de casa. Ao ir para o trabalho me dava uma sensação de ansiedade enorme. Tinha vontade de que tudo acabasse rápido. Vi que algo não estava bem e resolvi me abrir com um aluno de psicologia. Ele me pediu pra procurar um psiquiatra e assim eu fui diagnosticada com Burnout. Foi difícil entender que é um problema de saúde, porque existem juízos de valor que impedem de percebermos que o problema não é um desvio moral, mas sim uma doença ou um conjunto delas. A direção da escola sempre tratou com muito desdém o meu problema. O que me deixava extremamente desconfortável quando voltava das licenças médicas. Tirei duas – uma de dois meses e outra de três meses – no período de dois anos. Comecei o tratamento há três anos com uso de medicação e terapia. Engravidei e, durante a gestação, abandonei o uso dos medicamentos. Hoje só faço terapia. Sempre amei dar aula e até hoje não me vejo fazendo outra coisa. Mas o ambiente de trabalho em muitos casos é adoecedor. Compreender as coisas que eu gostava e não gostava de fazer foi fundamental para a superação da síndrome. Fiz boxe, atletismo, canto e violão. Mudei o local que trabalhava, continuo apaixonada pela minha profissão e lidando com o problema de saúde mental que tenho.

 

Professora segue tratando os efeitos do transtorno com psicoterapia (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO)

Professora segue tratando os efeitos do transtorno com psicoterapia
(Foto: Evandro Veiga/ CORREIO)

DICAS PARA PREVENIR A EXAUSTÃO

Atividades alternativas Procure se exercitar, realizar alguma atividade física como academia ou algum tipo de esporte. Acupuntura e algumas terapias alternativas também são importantes para se ter uma melhor qualidade de vida. “Mas, a principal atitude que a pessoa deve ter é se dar limites, realizar um tratamento de reconhecimento pessoal, ter seus momentos de lazer, saber se desligar do trabalho e dos assuntos que envolvam o ambiente de trabalho”, aconselha o psicólogo e diretor técnico da Clínica Holiste, Ueliton Pereira.

Esteja forte com você mesmo Segundo a mentora especializada em acelerar pessoas e negócios, além de fundadora da empresa B-Have, Erika Linhares, é preciso buscar o equilíbrio: “Muitas dessas doenças psíquicas estão relacionadas a como as pessoas recebem o que o ambiente provê. Se eu estou com uma mentalidade forte e progressiva, eu recebo aquilo de uma forma mais simples, mais tranquila. Já se estou com uma mentalidade fixa e pessimista, eu projeto aquilo muito maior do que é. Por isso a primeira dica para prevenir a síndrome é cuidar da mente”.

Se permita viver, errar e acertar Esta é a orientação da psicóloga chefe do aplicativo FalaFreud, Sabrina Ferrer: “Estamos falando de indivíduos que tendem ao perfeccionismo. Utilize sempre técnicas de respiração, tenha válvulas de escape e invista tempo naquilo que lhe dá prazer”, aconselha a especialista.

Conheça seus limites Não tente abraçar o mundo ou tapar todas as lacunas no trabalho. “Fuja de metas abusivas e do excesso de autocobrança. Reconheça até onde pode ir e quais são os fatores que podem lhe ajudar a conseguir chegar no seu objetivo. isso ajuda, e muito”, pontua, o psicólogo e diretor técnico da Clínica Holiste, Ueliton Pereira. “Faça um esforço para separar as demandas pessoais das cobranças do trabalho e, principalmente, não abra mão da sua vida social”, completa.

Questione-se “Sim, quero ser um excelente profissional e atingir excelentes resultados. Mas que preço quero pagar para isso?”. Para uma das fundadoras da Escola sentido, Valerya Carvalho, o profissional precisa entender onde ele quer chegar e avaliar se está mesmo disposto a pagar o preço para chegar lá. “A habilidade mais importante para se ter qualidade de vida é a capacidade de transformar adversidade em desafio gerador de satisfação. transforme ameaças potenciais em desafios satisfatórios”, diz.

Ame Não há nada que traga mais paz do que estar com quem amamos, família e amigos, como pontua Erika Linhares. “Se dedique a quem você ama. aproveitar o tempo com amigos e ter pessoas para te ajudar nesse momento de esgotamento também é muito importante”.

Fonte: Correio 24h – Foto: Public Domain Pictures para Pixabay

 

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