Estudo do Incor sobre sequelas cognitivas deixadas pela covid-19 pode virar referência da OMS

Líder de pesquisa que foca no diagnóstico e reabilitação de pacientes no pós-covid, a neuropsicóloga Lívia Valentin diz que falhas de memória ou atenção podem ser sinal de sequelas

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Muito pacientes que tiveram covid-19 relatam sinais e sintomas após se recuperar da doença. Um estudo inédito realizado no Instituto do Coração (Incor) analisou as consequências cognitivas que a doença pode deixar no indivíduo. Os primeiros resultados apontam que não só aqueles que tiveram a doença na forma mais grave sofreram com alguma sequela cognitiva, mas também aqueles que tiveram sintomas mais leves, incluindo os assintomáticos.

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“Nossa pesquisa começou em meados de março, quando hipotetizamos que a falta de oxigênio no cérebro ou no organismo humano poderia causar um grande prejuízo nas funções cognitivas”, detalha a médica Lívia Stocco Sanches Valentin, neuropsicóloga do Incor do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FMUSP), professora da FMUSP e pesquisadora.

Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Lívia explica que, no início, foram avaliados 185 pacientes e que agora o Incor tem 430 pacientes avaliados. Os resultados da pesquisa sobre diagnóstico e reabilitação da disfunção cognitiva pós-covid são tão importantes que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) aguarda os resultados finais do estudo, no intuito de adotar a metodologia desenvolvida pelo Incor em âmbito mundial. A pesquisadora usou o jogo digital MentalPlus®, criado por ela em 2010, para avaliar pessoas que tiveram covid-19 em vários estágios, idades e classes econômicas. Além do caráter avaliativo, o jogo também é uma ferramenta para reabilitação.

“Eu sabia que, na verdade, a consequência era no pós-covid, então quis fazer um estudo para o depois, porque a covid poder deixar sequelas. Eu espero o paciente se recuperar, para tratar o depois, o que sobrou de resquício da doença”, explica Lívia. Sequelas envolvendo o sistema cardiorrespiratório, pressão arterial e diabete são mais comuns de serem citadas, mas o aspecto cognitivo também é afetado. Mesmo sendo mínimo e não tão perceptível, uma falha de memória ou uma falta de atenção podem ser sinal de alguma sequela.

Com o diagnóstico precoce, o tratamento e o acompanhamento funcionam de forma mais eficiente, já que nosso cérebro trabalha em uma condição de quanto melhor for o estímulo e mais rápido for este estímulo, melhor a pessoa vai ficar no futuro, algo que independe da idade.

Fonte: Jornal da USPFoto: Gerd Altmann para Pixabay

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