A “síndrome do coração partido”, ou síndrome de Takotsubo, é um exemplo, ou melhor, um verdadeiro modelo dos efeitos que as emoções e o stress podem ter no coração.
Embora os mecanismos desses efeitos ainda não estejam totalmente esclarecidos, as evidências epidemiológicas são claras. Dois novos estudos acrescentam dados, mostrando que o coração pode ser afetado tanto na alegria como na tristeza.
Corações afetados pela alegria
Dos 2.482 pacientes incluídos do registro multinacional GErman Italian Spanish Takotsubo (GEIST), 36% tiveram algum gatilho emocional. Destes, 96% foram eventos desagradáveis, ou “corações partidos”, e 4% foram eventos positivos ou “corações felizes”. Consequentemente, dentre todos os casos de síndrome de Takotsubo, a prevalência de gatilhos emocionais positivos foi de 1,5%.
Dentre os pacientes com “síndrome do coração feliz”, a maioria era do sexo masculino e houve maior prevalência de padrões atípicos de balonismo do ventrículo esquerdo (ventricular médio). As complicações hospitalares e a mortalidade em longo prazo foram semelhantes em “corações felizes” e “corações partidos”.
Corações afetados pela tristeza
Implicações
Apesar de a “síndrome do coração feliz” ser rara em relação à do “coração partido”, os dois extremos ilustram o grande impacto da conexão corpo e mente. Claro que são necessárias mais pesquisas para esclarecer os mecanismos envolvidos nessas condições.
Qual é a lição que fica?
É valorizar cada vez mais os aspectos emocionais nos cuidados aos pacientes. Eu aprendi que no período inicial do luto não há indicação de medicamentos antidepressivos, porém, o estudo apresentado mostra um aumento do risco de morte para os enlutados que sofrem de insuficiência cardíaca. Isso merece atenção! No mínimo, justifica, principalmente no período inicial do luto, maior vigilância em relação ao autocuidado e à adesão ao tratamento da cardiopatia.
Com relação ao “coração feliz”, não há nada de especial, exceto o conhecimento do padrão atípico da morfologia do ventrículo esquerdo.
Finalmente, devemos lembrar que a evolução da síndrome de Takotsubo, tanto no “coração feliz” como no “coração partido”, pode ser pior do que se supôs nos estudos preliminares.
Siga o Medscape em português no Facebook, no Twitter e no YouTube