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As evidências de que a meditação pode produzir resultados significativos para a saúde continuam aumentando. Vários estudos recentes compararam a eficácia da atenção plena com a das estratégias farmacológicas no tratamento de uma série de doenças. Os resultados despertaram grande interesse, e talvez o mais pungente tenha sido um estudo de redução do estresse por meio da atenção plena praticada por pacientes com transtornos da ansiedade.

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O trabalho incluiu 276 pacientes adultos, a maioria dos quais tinha ansiedade generalizada ou ansiedade social. A média de idade foi de 33 anos; 75% eram mulheres, 59% eram brancos, 15% eram negros e 20% asiáticos. Os participantes foram randomizados para praticar atenção plena com o intuito de reduzir o estresse (136 pacientes) ou para tomar escitalopram (140 pacientes).

A estratégia de redução do estresse por meio da atenção plena foi aplicada a partir de uma aula semanal de duas horas e meia, uma aula de um dia inteiro no fim de semana, além de sessões diárias de 45 minutos de meditação guiada em casa.

O desfecho primário foi a pontuação na escala Clinical Global Impression–Severity (CGI-S) para ansiedade. Entre os 208 participantes que concluíram o estudo, a pontuação média inicial na escala foi de 4,44 para a redução do estresse pela prática da atenção plena e 4,51 para o escitalopram.

Na oitava semana, a pontuação do grupo de redução do estresse pela prática da atenção plena melhorou em média 1,35 pontos, enquanto a pontuação do grupo do escitalopram melhorou 1,43 pontos (diferença: - 0,07; intervalo de confiança [IC] de 95%: - 0,38 a 0,23; p = 0,65). O limite inferior do intervalo de confiança (- 0,38) foi menor do que a margem de não inferioridade pré-especificada, de - 0,495, indicando ausência de inferioridade.

Cerca de 78% das pessoas que receberam escitalopram tiveram pelo menos um evento adverso relacionado com o tratamento, em comparação a 15,4% no grupo de redução do estresse pela prática da atenção plena.

Outro estudo recente examinou o efeito das práticas de mente e corpo, como ioga e meditação, em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. A metanálise foi feita com 28 estudos de pacientes com diabetes do tipo 2, publicados entre 1993 e 2022. Os achados sugerem que as modalidades de atenção plena melhoraram o controle glicêmico em uma medida semelhante à de medicamentos como a metformina.

Em todos os tipos de intervenção de atenção plena, foi observada uma redução média significativa da hemoglobina glicada de 0,84% (p > 0,001). Com a redução do estresse pela prática da atenção plena, a hemoglobina glicada diminuiu 0,48% (p = 0,03). Com a meditação, especificamente, a hemoglobina glicada caiu 0,50% (p = 0,64). A maior queda da hemoglobina glicada foi associada à ioga, quando caiu 1,00% (p > 0,0001); ou seja, aproximadamente, o mesmo grau de controle glicêmico alcançado com a metformina, sugeriram os autores.

Recentemente, a redução do estresse pela prática da atenção plena também foi comprovadamente eficaz contra a dor. Em um estudo randomizado, mais de 100 participantes saudáveis realizaram um programa de oito semanas visando a redução do estresse pela prática da atenção plena ou um programa de melhora da saúde versus lista de espera.

Para examinar o efeito das intervenções na experiência da dor, os participantes foram submetidos à dor. Foram aplicados 20 estímulos térmicos no punho durante 12 segundos, dos quais oito segundos na temperatura máxima. Durante o estímulo, os participantes fizeram uma ressonância magnética para avaliar a assinatura da dor neurológica e a assinatura da dor independente da intensidade do estímulo 1 no cérebro. O grupo da redução do estresse pela prática da atenção plena teve uma diminuição significativa da assinatura da dor neurológica em comparação ao grupo do programa de melhora da saúde (p = 0,05) e das avaliações pré- e pós-intervenção (p = 0,23). Os que estavam no grupo da redução do estresse pela prática da atenção plena também tiveram diminuição da assinatura da dor neurológica “marginal”, em comparação ao grupo da lista de espera (p = 0,096), e na assinatura da dor independente da intensidade do estímulo 1, em comparação ao programa de melhora da saúde (p = 0,089) e aos grupos da lista de espera (p = 0,087).

Nas classificações subjetivas da dor, o grupo da redução do estresse pela prática da atenção plena apresentou uma diminuição marginal, em comparação ao grupo da lista de espera (p = 0,078) e das avaliações pré- e pós-intervenção (p = 0,028). Os que já meditavam há muito tempo referiram intensidade de dor e desconforto significativamente menores (p < 0,001).

Conrole da dor. Controle da glicose. Redução do estresse em pacientes com transtorno de ansiedade. O potencial da meditação, e das intervenções associadas, de gerar resultados semelhantes aos das intervenções farmacológicas certamente chama a atenção de muitos médicos. Esses três achados recentes, em particular, foram de interesse para aqueles que comparavam a meditação aos medicamentos, e tornaram-se o tema clínico mais buscado da semana.

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 Fonte: Ryan Syrek para MedscapeFoto: Wayhomestudio para Freepik

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