USO DE MEDICAMENTOS PODE SER REDUZIDO PELA… FREQUÊNCIA A ÁREAS VERDES

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Nova análise mostra que o contato frequente com espaços verdes, como parques e jardins, foi associado a uma redução do uso de alguns medicamentos por pessoas que moram em áreas urbanas.

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O estudo de coorte transversal mostrou redução do uso de psicotrópicos, anti-hipertensivos e antiasmáticos. O contato a distância (ou seja, observando de dentro de casa) com espaços verdes ou “azuis” (lagos, rios ou outros corpos d’água) não foi associado à redução do uso de medicamentos.

O o progressivo corpo de evidências científicas que respaldam os benefícios à saúde da exposição à natureza provavelmente irá aumentar a disponibilidade de espaços verdes de alta qualidade em ambientes urbanos e promover o uso desses espaços, disse ao Medscape a autora principal Dra. Anu W. Turunen, Ph.D., do Instituto Finlandês de Saúde e Bem-Estar na Finlândia.

Essa pode ser uma maneira de melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas que moram em cidades, acrescentou a Dra. Anu.

Os achados foram publicados on-line em 16 de janeiro no periódico Occupational and Environmental Medicine.

Exposição à natureza: um tema oportuno

Acredita-se que a exposição a ambientes naturais seja benéfica para a saúde humana, mas as evidências são inconsistentes, disse a Dra. Anu.

“Os potenciais benefícios à saúde provenientes da exposição à natureza são um tema muito oportuno na epidemiologia ambiental. As evidências científicas indicam que a exposição residencial à vegetação e aos corpos d’água pode ser benéfica, especialmente para a saúde mental, cardiovascular e respiratória, mas os achados são parcialmente inconsistentes e, por isso, são necessárias informações mais detalhadas”, disse ela.

Em um estudo transversal, os pesquisadores entrevistaram 16.000 residentes de três cidades na Finlândia (Helsinque, Espoo e Vantaa), durante um período de 12 meses entre 2015 e 2016, perguntando sobre a exposição a espaços verdes e azuis.

Desse total, 43% responderam às entrevistas, resultando em 7.321 participantes.

No questionário utilizado, foram definidas como áreas verdes: florestas, parques, campos, prados, pântanos e rochas, além de parques infantis ou campos esportivos dentro dessas áreas. Foram consideradas áreas azuis: mares, lagos e rios.

Os residentes foram questionados sobre o uso de ansiolíticos, hipnóticos, antidepressivos, anti-hipertensivos e antiasmáticas nas últimas 7 a 52 semanas.

Eles também foram questionados se tinham alguma vista para um espaço verde ou azul de alguma das janelas de casa e, caso tivessem, eram questionados sobre com que frequência olhavam para fora, selecionando opções que variavam de “raramente” a “frequentemente”.

Eles também foram questionados sobre quanto tempo passavam ao ar livre em espaços verdes durante os meses de maio e setembro. Caso a resposta fosse positiva, eles eram questionados sobre quanto desse tempo ao ar livre era gasto com exercícios físicos. As opções variavam de “nunca” até “cinco ou mais vezes por semana”.

Além disso, a quantidade de espaços verdes e azuis residenciais localizados em um raio de 1 km das casas dos entrevistados foi avaliada a partir de dados de uso e cobertura da terra.

As principais covariáveis avaliadas foram: comportamentos de saúde, poluição externa atmosférica/sonora e condição socioeconômica, incluindo renda familiar e escolaridade.

Os resultados mostraram que a presença de espaços verdes e azuis em casa e o tempo gasto observando esses espaços não tiveram associação com o uso de medicamentos.

No entanto, o aumento da frequência de visitas a espaços verdes foi associado à redução das chances de uso dos medicamentos pesquisados.

As razões de chances (RCs) do uso de psicotrópicos foram de 0,67 (intervalo de confiança [IC], de 95%, de 0,55 a 0,82), considerando os indivíduos que visitavam espaços verdes três a quatro vezes por semana, e 0,78 (IC 95% de 0,63 a 0,96) para os indivíduos que visitavam espaços verdes cinco ou mais vezes por semana.

Com relação ao uso de anti-hipertensivos, as RCs foram de 0,64 (IC 95% de 0,52 a 0,78), para os indivíduos que visitavam espaços verdes três a quatro vezes por semana, e 0,59 (IC 95% de 0,48 a 0,74) para aqueles que visitavam espaços verdes com uma frequência maior ou igual a cinco vezes por semana.

Considerando o uso de antiasmáticos, as RCs foram de 0,74 (IC 95% de 0,58 a 0,94), para os entrevistados que visitavam espaços verdes três a quatro vezes por semana, e 0,76 (IC 95% de 0,59 a 0,99) para aqueles que visitavam espaços verdes cinco ou mais vezes por semana.

As associações observadas foram atenuadas pelo índice de massa corporal (IMC).

“Observamos que os indivíduos que relatavam visitar frequentemente espaços verdes tinham um IMC ligeiramente menor do que aqueles que visitavam espaços verdes com menos frequência”, disse a Dra. Anu. Apesar disso, não foram observadas interações consistentes com indicadores de condição socioeconômica.

“Esperamos ver novos resultados em diferentes países e contextos”, observou ela. “São necessários, especialmente, estudos longitudinais. Em epidemiologia, é necessário um grande corpo de evidências consistentes para chegar a conclusões fortes e fazer recomendações”.

Mais e mais evidências sobre os benefícios da exposição à natureza

Existem evidências crescentes de que a exposição à natureza pode trazer benefícios à saúde humana, especialmente a saúde mental e cardiovascular, disse o Dr. Jochem Klompmaker, Ph.D., pesquisador de pós-doutorado no departamento de saúde ambiental da Harvard T. H. Chan School of Public Health, nos EUA.

O Dr. Jochem pesquisou sobre a associação entre a exposição a espaços verdes e os desfechos de saúde relacionados a doenças neurológicas.

Em um estudo publicado recentemente no periódico JAMA Network Open e discutido em um artigo publicado pelo Medscape, o Dr. Jochem e sua equipe descobriram que, em uma grande coorte, com cerca de 6,7 milhões de beneficiários do Medicare (seguro-saúde pago pelo governo federal americano) nos EUA com 65 anos ou mais, viver em áreas ricas em vegetação, parques e cursos d’água foi associado à redução do número de internações causadas por alguns distúrbios neurológicos, como doença de Parkinsondoença de Alzheimer e demências relacionadas ao Alzheimer.

Comentando sobre o estudo atual, o Dr. Jochem apontou os seus pontos fortes.

“Um ponto forte específico deste estudo é que eles usaram dados sobre a quantidade de espaços verdes e azuis próximos aos endereços residenciais dos participantes, a frequência de visitas a espaços verdes e a observação [de espaços] verdes e azuis a partir de casa. A maioria dos outros estudos só possui dados sobre a quantidade de espaços verdes e azuis em geral”, disse ele.

“As fortes associações protetoras [provenientes] da frequência de visitas a espaços verdes fazem sentido para mim e indicam a importância da exposição real à natureza”, ele acrescentou. “Assim como os resultados do nosso estudo, esses resultados dão aos médicos mais evidências da importância de estar próximo à natureza e encorajar os pacientes a fazer mais caminhadas. Se eles moram perto de um parque, pode ser um bom lugar para serem mais ativos fisicamente e reduzirem os níveis de estresse.”

O estudo foi apoiado pela Academia da Finlândia e pelo Ministério do Meio Ambiente da Finlândia. A Dra. Anu e o Dr. Jochem informaram não ter conflitos de interesses relevantes.

Occup Environ Med. Publicado on-line em 16 de janeiro de 2023. Texto completo

Este conteúdo foi originalmente publicado no Medscape

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Fonte: Fran Lowry para MedscapeFoto: Cookie Studio para Freepik

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