QUASE METADE DOS TRABALHADORES ESTÁ COM SINTOMAS DE ‘BURNOUT’, APONTA PESQUISA DO BCG

O levantamento foi feito a partir da resposta de 11 mil trabalhadores de oito países e mostra que esse sentimento não é apenas resultado de longas horas de trabalho ou de um ambiente de alta pressão

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Estudo feito pelo Boston Consulting Group (BCG) aponta que 48% dos trabalhadores estão com sintomas de burnout, um estado de exaustão caracterizado pelo desencanto com o emprego e uma sensação de ineficiência.

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A pesquisa intitulada “Four Keys to Boosting Inclusion and Beating Burnout” (“Quatro chaves para impulsionar a inclusão e vencer o esgotamento”, na tradução livre) entrevistou mais de 11 mil colaboradores em oito países (o estudo não incluiu o Brasil).

O maior percentual dos colaboradores com esses sintomas está na Índia (58%), seguido pela Austrália (53%) e pelo Canadá (52%). Os países com a menor taxa são Alemanha e Japão, com 37% dos respondentes cada.

De acordo com o levantamento, esse sentimento de esgotamento não é apenas resultado de longas horas de trabalho ou de um ambiente de alta pressão. Os principais influenciadores são falta de:

  • acesso adequado a recursos;
  • suporte da alta liderança;
  • segurança psicológica com o gestor direto;
  • oportunidades justas e igualitárias;
  • apoio na vida;
  • satisfação com o gestor atual;
  • autenticidade.

A análise mostrou que, quando esses sentimentos são positivos no local de trabalho, os funcionários se sentem mais incluídos e menos propensos ao burnout. Nos ambientes menos acolhedores, a taxa de burnout é de, aproximadamente, 60%, enquanto nos que existe mais apoio é de cerca de 30%.

O BCG aponta, ainda, outro estudo, de 2019, da Saïd Business School, da Universidade de Oxford, que relata que funcionários mais felizes são 13% mais produtivos. Trabalhadores que vivenciam maior inclusão também têm mais probabilidade de permanecer em seus empregos, diminuindo os custos de rotatividade para as empresas. Por outro lado, locais de trabalho menos inclusivos veem mais esgotamento e mais atrito.

“Esses dados reforçam a necessidade de as empresas investirem em práticas de inclusão para não apenas melhorar a saúde mental e o bem-estar de seus funcionários, mas também para obter benefícios comerciais tangíveis. Isso porque colaboradores em ambientes mais inclusivos apresentam maior felicidade, bem-estar e motivação, o que se traduz em melhores resultados para os negócios, como aumento da produtividade e menor rotatividade de funcionários”, afirma Fleuri Arruda, sócio do BCG.

Adicionalmente, o estudo destaca desigualdades significativas na sensação de suporte e acesso a recursos entre diferentes grupos de trabalhadores. Mulheres, membros da comunidade LGBTQ+, pessoas com deficiência e trabalhadores de campo (que desempenham suas atividades fora do escritório tradicional) sofreram um desgaste até 26% maior.

Foco em quatro ações

O BCG recomenda que as empresas desenvolvam programas de suporte personalizados, fomentem lideranças inclusivas, implementem políticas de igualdade e monitorem constantemente o ambiente de trabalho para fazer ajustes necessários.

O levantamento sugere que as empresas podem concentrar sua atenção inicial apenas nessas áreas e diagnosticar onde podem estar falhando em seus esforços atuais para atender às necessidades dos funcionários. Isso revelará onde investir e inovar para melhorar os sentimentos de inclusão e reduzir o esgotamento.

Ao se concentrar nos sentimentos de alto impacto a montante — como se sentir seguro ao compartilhar pensamentos com um gerente e sentir que todos na empresa têm uma chance justa e igual —, os líderes também podem influenciar na fluidez dos sentimentos dos colaboradores e na inclusão de uma maneira eficiente, aponta a pesquisa.

Outra dica é: entenda profundamente seus funcionários e crie benefícios que atendam às suas necessidades. “As empresas buscam obter um conhecimento abrangente de seus clientes. Elas precisam aplicar o mesmo rigor para entender seus funcionários. Elas devem saber o que é necessário para manter seus trabalhadores felizes, motivados e retidos. E elas devem identificar onde estão falhando.”

“Essas ações são essenciais para aumentar os sentimentos de inclusão e combater o ‘burnout’, criando um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo”, afirma Arruda.

FonteFernanda Bompan para Época Negócios - Foto da capaWay Home Studio para Freepik

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