Sim, as demandas estão levando os trabalhadores brasileiros ao trabalho excessivo e, consequentemente, a um nível de estresse bem alto. Durante a correria do dia a dia, é difícil imaginar alguém que nunca tenha passado por uma situação de estresse e sentido um dos sintomas da doença. Mas é comum as pessoas não darem importância para esses avisos, procurando ajuda somente quando o estresse crônico já provocou alguma doença mais grave.
Os sinais mais comuns do estresse são: batimento cardíaco acelerado, dores na região do estômago, tensão muscular constante, insônia e respiração ofegante. De acordo com a International Stress Management Association, ISMA, o problema afeta 80% da população brasileira, sendo que 30% está em nível crítico – quando o estresse é crônico e já acarreta outras doenças.
Marco Fabio Coghi é especialista em biofeedback e criador do cardioEmotion, tecnologia usada para medir e regular o estresse em tempo real por meio de treinamentos.Para ele ainda não encontramos formas adequadas de nos adaptar ao trabalho. “Não temos tempo suficiente para vida social, amorosa, encontro com os amigos e entes queridos. Mas, nem sempre trabalhar de sol a sol como faziam nossos antepassados é ruim. O problema está mais em como trabalhamos do que em quanto trabalhamos”, explica.
Segundo ele, as demandas aumentam dia a dia, as cobranças por metas são cada vez maiores e muitas vezes inatingíveis, e isso deixa a pessoa insegura. Ela se sente fracassada, com baixa autoestima, ameaçada de perder o emprego. E isso remete ao medo da sobrevivência, um dos instintos mais primitivos que temos, não só os seres humanos, mas todos os seres vivos: a sobrevivência da espécie. Muitas vezes isso ocorre de forma inconsciente, mas sempre ocorre.
Os males do mundo moderno
Estar conectado 24 horas por dia, responder a e-mails de trabalho durante o final de semana ou em horários de lazer. Uma vida profissional desequilibrada e estressada limita a convivência social saudável e ficamos em um ciclo vicioso com o pensamento focado no serviço, de forma restritiva e em circuito fechado: quanto mais pensamos no serviço, menos oportunidades temos de nos distrair com outras coisas essenciais à vida saudável. “Isso vai consumindo nossas energias, levando-nos ao cansaço e a exaustão. Consequentemente, sentiremos falta de vontade, de ânimo para o trabalho, com isso nosso rendimento cai e voltamos ao começo do drama: precisamos dar resultados acima do normal, mas agora, sem energia e disposição…”, explica.
E todo este estresse é mais perigoso do que imaginamos, pois nossas forças diminuem e com ela nossas defesas orgânicas nos predispondo a uma série de doenças físicas e psicoemocionais, desde a simples gripe de repetição e herpes à doenças mais sérias, como o câncer. Uma vez que nossa resistência orgânica abaixa devido ao excesso de cortisol, o hormônio do stress, estamos sujeitos a várias afecções.
O dado assustador que 80% de nossa população sobre com o estresse é uma espécie de aviso que talvez seja a hora de colocar o pé no freio. De acordo com estudo realizado pelo Instituto de Psiquiatria da USP, cerca de 30% dos habitantes da Grande São Paulo padecem de transtornos emocionais, sendo 19,6% de ansiedade.
Identificando o estresse
O stress na realidade não é uma doença, é uma síndrome, ou seja, pode se manifestar como uma ou várias doenças. “Ele se dá em quatro etapas, sendo que a quarta etapa, a da exaustão, a pessoa começa apresentar uma ou várias doenças associadas ao estresse, como gripes de repetição, herpes, hipertensão, arritmias cardíacas, obesidade, depressão até doenças mais graves. Mas, os primeiros sintomas são falta de tolerância, irritabilidade, cansaço sem causa aparente, dor de cabeça, sono leve e não reparador”, conta Marco.
A pessoa precisa se observar, identificar os sinais que o corpo apresenta e dar atenção a eles. O problema é que, mesmo com as indicações que se deve parar, as pessoas não param, continuam no mesmo ritmo, a agenda cheia não permite que aconteça qualquer tipo de mudança em sua rotina e as pessoas acham que todos os sintomas vão passar.
Trabalhar menos, que mal tem?
Uma jornada diária de trabalho de três dias semanais. Essa é a proposta que Carlos Slim, bilionário mexicano, defendeu em julho desse ano. Segundo ele, isso ajudaria a reduzir o desemprego, mas será que a medida é viável? Marco tenta responder: “Depende. Três dias de quantas horas diárias? Em que condições? Um trabalho em que não nos identifiquemos e que nos traz insatisfação e desprazer pode parecer decorrer 20 dias em três”.
Amar o que faz. Essa parece ser uma das premissas para poder equilibrar sua vida. Isso estimula a área cerebral relacionada à recompensa e libera quantidades significativas de serotonina, um neurotransmissor relacionado ao prazer. “Portanto, no meu entender, mais importante do que a quantidade de horas trabalhadas é o prazer, o amor, a identificação com o que faz”, comenta.
Biofeedback cardíaco
Você já ouviu falar em biofeedback cardíaco? Conhecido como cardioEmotion, a tecnologia desenvolvida por pesquisadores brasileiros é bem simples. Você instala um programa no computador, coloca um sensor no dedo como se fosse um dedal e o programa começa a captar sua pulsação.
O programa reconhece seu estado como estressado ou equilibrado. Então, o próprio programa ensina o que fazer para encontrar seu ponto de equilíbrio emocional, aumentar sua inteligência emocional. E tudo isso é feito em tempo real, você vê na tela do computador. É muito fácil utilizar. “Ao realizar os exercícios, o coração entra num estado de harmonia conhecido como coerência cardíaca e você vê essa mudança na tela do computador. Para isso, existem nove jogos em que os personagens só atuam quando você alcança a coerência cardíaca”, conta.
Marco ainda dá algumas dicas importantes para que o estresse não vire uma rotina. Além da boa alimentação, rica em proteínas, vegetais e vitamina, a prática consciente de esportes, a convivência social saudável, uma boa leitura, trabalhar com que e com quem você gosta e fazer exercícios com biofeedback, que é uma poderosa ferramenta para o equilíbrio emocional. “Simples de fazer, os exercícios do cardioEmotion fortalecem o coração, melhoram a concentração, a tomada de decisão e o foco. Sem apresentar contraindicações”, finaliza Marco.