O medo, a ansiedade, a impaciência e a agressividade, quando em excesso, podem ser sintomas de estresse, inclusive nas crianças. “Geralmente, é difícil detectar que um filho está sofrendo de estresse, pois muitas vezes os sintomas são confundidos com a birra e a manha típicos do período”, explica a psicóloga e psicoterapeuta Walkyria Coelho, instrutora da Sociedade Brasileira de Programação Neurolinguística.
Segundo a especialista, os sintomas devem chamar a atenção quando se tornam crônicos e começam a limitar a convivência e a realização das atividades que a criança está acostumada a fazer, no dia a dia.
Outro sinal de que a criança está estressada é a presença de sintomas físicos associados aos psicológicos, como diarreia, dor de cabeça, dor de barriga, falta de apetite, gagueira, hiperatividade, ranger de dentes e tiques nervosos.
Na maioria das vezes, o estresse dos pequenos está relacionado ao tratamento recebido por parte dos adultos com quem eles convivem, em casa ou na escola. “Muitas crianças são criadas como pequenos executivos, têm agendas cheias de atividades e quase nenhum tempo para simplesmente brincar e relaxar”, diz Armando Ribeiro, psicólogo e palestrante da área de Gestão do Estresse, Bem-Estar e Qualidade de Vida.
Dentro de casa, as crianças precisam sentir que suas necessidades serão atendidas, em um ambiente relativamente tranquilo. Também precisam contar com limites e uma rotina estruturada, o que aumenta nos pequenos a sensação de tranquilidade e segurança.
Na escola, é importante que as crianças não sejam sobrecarregadas e que problemas com professores ou colegas de classe sejam gerenciados e resolvidos rapidamente, para evitar prejuízos emocionais aos pequenos.
Para vencer o mal
Prestar atenção às queixas e aos sintomas apresentados pelas crianças é o primeiro passo para enfrentar a doença. “Muitas crianças sofrem sozinhas, pois os pais taxam o estresse de frescura, preguiça ou desculpa para não realizar as atividades da rotina. É preciso mudar essa cultura, em que os problemas emocionais ou psicológicos são desprezados antes mesmo de uma análise mais cuidadosa” diz Armando.
Observar a rotina da criança na escola é outra medida essencial. “A instituição deve ensinar princípios e valores semelhantes aos dos pais. Se dentro de casa os adultos ensinam a criança a agir de um jeito e se na escola ela aprendem algo diferente, esse será mais um fator gerador de estresse”, esclarece Walkyria. “Além disso, a escola deve fazer um treinamento contínuo dos professores para o desenvolvimento de habilidades socioafetivas”, complementa Ribeiro.
De acordo com os especialistas, a qualidade do tempo dedicado aos filhos também faz diferença no aparecimento e na erradicação do estresse infantil. “Atenção, carinho, amor e o estabelecimento de limites são os melhores antídotos e também os melhores remédios para o problema”, finaliza Walkyria.
fonte: Programa Via Saúde