Entrevista Sobre a Síndrome de Burnout – Parte I

A síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico ligado ao estresse crônico e prolongado e a exaustão total. É um termo inglês que pode ser traduzido como “queimar por inteiro”, e é causado por um esgotamento físico, mental e emocional ligado ao mundo do trabalho.

Para entendermos este distúrbio, preparamos uma entrevista com M, que sofre com a síndrome.

Ela é bancária, tem 28 anos e está afastada de seu trabalho.

 

Redação: Boa tarde, M. Obrigado pela entrevista. Você pode começar falando do seu trabalho.

M: Boa tarde. Trabalho no banco B. Mas estou afastada.

Comecei a trabalhar no banco A, depois houve a fusão com o banco B.

E foi um momento de pressão total.

O banco A tinha uma cultura de pessoas. O banco B é venda e venda.

Redação: Visões realmente opostas.

M: Totalmente. Esse impacto acabou desencadeando coisas que estava sentindo e não sabia identificar, e só foi acumulando.

Horário de trabalho não existia. Vendia sob pressão o tempo todo. Isso foi me levando a um acúmulo de estresse absoluto, mas até então achava que isso era normal.

Que o cansaço e a exaustão eram por causa das novas funções.

Redação: Qual foi a gota d´água?

M: Eu não tinha paciência com ninguém e nem com nada, mas achei que era apenas o meu jeito. Então teve um dia que eu simplesmente não consegui sair da cama.

Antes disso, quando ia trabalhar, sentia dor de estômago, dores de cabeça, começava a suar, tremer ao chegar lá, me sentia muito mal. Comecei a ter problemas na coluna, chegava no banco e a coluna travava. Era impressionante. Começou a me afetar tanto físico quanto psicologicamente.
Teve um dia que simplesmente não consegui levantar da cama. Não quis saber de nada e de ninguém e só não quis levantar.

Redação: Foi a fusão que causou isso, ou você já estava em estado de estresse há um tempo?

M: Já vinha. Não foi uma coisa que aconteceu de repente. É um acúmulo de coisas.

Você deixa de cuidar de você. Tinham as happy hours, e as coisas perdiam o sentido. Bebíamos pra nos acalmar, pra esquecer. Era uma fuga.

Redação: Quanto tempo depois da fusão você chegou em burnout?

M: creio que um ano depois, mais ou menos. Achei que o estresse fosse por conta da mudança, não achei que fosse nada mais grave, e já estava bastante estressada na época. E é engraçado, vi vários colegas adoecerem e achava até que era corpo mole. Nunca me imaginei no outro lado.

 

Abordaremos em seguida os sintomas, e as implicações causadas pela síndrome, na segunda parte da entrevista.

 

  • Por Felipe Gonçalvez, com consultoria da Dra. Deborah Duwe.

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