Nós tendemos a pensar no estresse como um problema imediato: o chefe que fica no nosso pé, a corrida desenfreada no metrô, após um longo dia de trabalho. A curto prazo, o estresse nos deixa irritados, ansiosos, tensos, distraídos e esquecidos. Mas isso é apenas uma pequena parte da história.
Com o tempo, os altos níveis de cortisol, hormônio do estresse, têm a capacidade dediminuir a nossa saúde física, mental e emocional. A conexão entre o estresse crônico e o potencial para desenvolver distúrbios mentais – tais como o estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e outros transtornos de humor - é bem estabelecida.Mas, que tipo de mudanças – passageiras e duradouras – realmente ocorrem no nosso cérebro quando vivenciamos um evento estressante?
Eis aqui as quatro maneiras que o estresse muda o seu cérebro.
O estresse pode desencadear uma mudança química que deixa você mais irritável.
Muitos de nós sabemos que não somos nada agradáveis com os demais quando estamos estressados – nós podemos ficar irritados e mal humorados. Sob pressão, muitas pessoas se tornam distraídas e esquecidas e isso poderia ser um sinal dos efeitos destrutivos do estresse no cérebro.
Os pesquisadores franceses descobriram uma enzima que, quando provocada pelo estresse, ataca moléculas no hipocampo que são as responsáveis por regular as sinapses. Quando as sinapses são modificadas, menos conexões neurais são possíveis nessa área.
“Esses efeitos levam os indivíduos a perderem a sua sociabilidade, evitarem interações com seus colegas e prejudicam sua memória ou entendimento”, explicou um comunicado de imprensa da universidade.
O estresse crônico pode encolher seu cérebro
Alguns eventos estressantes poderiam prejudicar a memória e a capacidade de aprendizado do seu cérebro e reduzir o volume de matéria cinzenta em regiões associadas às emoções, autocontrole e funções fisiológicas.
O estresse crônico e/ou a depressão podem contribuir para a perda de volume na área do córtex pré-frontal mediano do cérebro, que está associado a limitações cognitivas e emocionais. Os pesquisadores descobriram que isso é particularmente verdade para pessoas com um marcador genético, que pode prejudicar a formação de conexões sinápticas entre as células cerebrais.
Um estudo de 2008, em ratos, descobriu que, até mesmo, o estresse de curta duração pode levar a problemas de comunicação entre as células do cérebro, em regiões associadas à memória e ao aprendizado.
Um evento estressante pode matar células cerebrais
À medida que aprendemos novas informações, nós estamos constantemente gerando novos neurônios no hipocampo – uma região do cérebro associada ao aprendizado, memória e emoção. Mas o estresse contínuo pode parar a produção de novos neurônios no hipocampo e também pode afetar a velocidade das conexões entre as células do hipocampo, de acordo com a Revista Scientific American. Além disso, um estudo com animais descobriu que um único evento estressante pode destruir neurônios recém-criados no hipocampo.
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Berkeley, descobriram que o cérebro, em estado de estresse crônico, gera mais células produtoras de mielina e menos neurônios que um cérebro típico, resultando em excesso de mielina (uma camada isolante com revestimento protetor ao redor dos neurônios) no hipocampo.
“O hipocampo é mais vulnerável ao estresse emocional contínuo, por causa dos efeitos nocivos do cortisol”, escreveu o psicólogo Daniel Goleman em Inteligência Social
O estresse pode atrapalhar a memória pelo desencadeamento de resposta de ameaça do cérebro
Enquanto o cortisol dificulta a atividade do hipocampo, que aumenta o tamanho e a atividade da amígdala, principal centro do cérebro para as respostas emocionais e motivação. A amígdala é responsável pelo processamento do medo, da percepção de ameaça e da resposta de luta ou fuga. O aumento de atividade significa que estamos em um estado de reação à ameaça percebida, que pode ter o efeito de restringir a capacidade de receber novas informações. Isso também pode aumentar as reações emocionais.
“Depois de um dia quando um aluno entra em pânico por causa de um teste, ele vai se lembrar dos detalhes daquele estado de pânico muito mais do que qualquer material do teste”, escreveu Goleman.
Fonte: Artigo original em inglês, Huffingtonpost - Tradução: Huffingtonpost Brasil - Fotografia: Julia Freeman-Woolpert