André Pelegrine (CROSP 61927) coordenador dos cursos de Especialização e Mestrado em Implantodontia e Prótese da Faculdade São Leopoldo Mandic, afirma que em muitos casos o estresse não consiste na causa primária, mas atua como um grande coadjuvante no processo das disfunções. “Quando a pessoa está estressada, sua auto estima diminuí. A maioria deixa de se cuidar, de realizar a higiene bucal e até de se alimentar”, afirma Sidney Rafael das Neves (CROSP 49309), especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial.
Em uma situação de estresse permanente, hormônios como o cortisol e a hidrocortisona circulam em maior quantidade e de forma contínua, desregulando o sistema imunológico, como explica João Paulo Tanganeli (CROSP 27786), presidente da Câmara Técnica de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo. Com as defesas do organismo prejudicadas, e os comportamentos de risco que o estresse pode provocar, como o aumento de consumo de cigarro e bebidas alcoólicas, a boca se torna o cenário perfeito para disfunções como bruxismo, xerostomia, herpes, periodontite e aftas.
A falta de higiene e a consequente ação das bactérias que aderem aos dentes quando a escovação não é feita da maneira correta, somada à liberação de hormônios, que também altera a microcirculação sanguínea, favorece o desenvolvimento da periodontite, uma inflamação na parte interna da gengiva. Já o bruxismo, que geralmente causa dores musculares e de cabeça, é muito comum em pessoas estressadas também durante o dia. Essa disfunção é conhecida como bruxismo em vigília.
A queda na imunidade impacta na renovação celular da mucosa bucal e é uma das causas do surgimento de herpes e aftas. As alterações químicas decorrentes do estresse também causam a diminuição do neurotransmissor acetilcolina, o que reduz a produção de saliva. Responsável por iniciar o processo de digestão, remineralizar os dentes, facilitar a mastigação e proteger a boca de bactérias, a saliva em falta causa xerostomia, ou seja, boca seca, o que pode trazer diversas complicações.
Para evitar esses e outros distúrbios que o estresse pode causar, os profissionais indicam um tratamento multidisciplinar, e também a realização de atividades que tragam satisfação ao paciente, como esportes. “O indivíduo precisa ser visto de maneira integral”, finaliza Tanganeli.