Fizemos uma entrevista com M. , uma bancária de 28 anos, que enfrenta a Síndrome de Burnout há mais de um ano. Na primeira parte ela nos contou como desenvolveu a doença. Nessa segunda parte, ela nos conta sobre os sintomas e em como sua vida foi afetada.
M: Acordei um dia e não consegui levantar da cama. Falei com minha parceira e ela ligou para um amigo meu, que estava afastado há um ano e meio (ele foi afastado logo no inicio da fusão). Que se tratava por causa do estresse. Ela ligou os pontos, porque eu não conseguia conversar mais, de tão forte que meu estresse estava. Só brigava com ela, com minha mãe. Explodia com qualquer coisa.
Ela entrou em contato com ele e ele conseguiu me trazer na doutora (Deborah).
Logo no começo da conversa ela falou de síndrome de Burnout. Eu nunca tinha ouvido falar.
Ela pediu pra eu ler sobre, e ver se identificava algum sintoma. Ai foi um choque: sou eu.
Quando descobri fiquei pior que eu estava. Mas tive um alivio, porque descobri o que tinha. Mas fiquei envergonhada, com medo, diminuída. È um choque você fazer parte daquela realidade.
Redação: Daquela que até você tinha preconceito.
M: Exatamente!
Redação: E você foi afastada quando?
M: A doutora já me afastou. Por quinze dias e assim por diante.
E aquilo pra mim era o cúmulo. Eu, afastada?
Sentia vergonha demais, dos amigos da família.
Eu tinha preconceito, e todo mundo teve preconceito também.
As pessoas não tem informação sobre isso (Burnout).
E muitas pessoas que têm esse preconceito, sofrem disso, como eu.
A vida do paulistano, a forma que vivemos, ônibus lotado, isso gera síndrome do pânico e nem enxergamos isso.
Eu precisei chegar no fundo do poço, não querer viver e nem mais nada, pra eu me reerguer aos poucos. E agora sei conviver com isso.
Redação: Como foi o tratamento?
M: No começo eu hibernei. Fiquei seis meses no meu quarto. A doutora disse pra eu dormir, comer e fazer o que eu quiser, na hora que eu quiser.
Já tinha me afastado de todos meus amigos. Demorei mais de um ano pra conseguir dormir direito. E voltar conversar com eles.
Depois de uns seis ou oito meses comecei a descobrir o que mais eu tinha (por conta do estresse). Descobri incontinência urinária e que estava com uma protrusão na coluna.
Não sabia que o estresse me tivesse abalado tanto.
Continuei com a terapia, comecei a fazer RPG e acupuntura.
E ainda trato até hoje a incontinência, que é o que mais me atrapalha a vida.
- Por Felipe Gonçalvez, com consultoria da Dra. Deborah Duwe.