Na busca por um mundo melhor, é preciso menos combate e mais criação
Apesar da confusão política e econômica que estamos vivendo no Brasil e no mundo, acredito que existem razões para otimismo. Afirmo isso porque vejo cada dia mais pessoas querendo trabalhar em prol da criação de um mundo melhor. Para essas pessoas, está cada vez mais claro que a crise não será resolvida se continuarmos utilizando os modelos que nos trouxeram até aqui. Elas acreditam que o momento em que vivemos pede a proposição de novos caminhos para substituir os atuais paradigmas em suas mais variadas dimensões.
Entretanto, muitas dessas mesmas pessoas (e eu me incluo nesse time) dedicam tempo e energia significativos criticando e combatendo o modelo atual – o que cada vez mais enxergo como um desperdício da nossa capacidade criativa coletiva. Em vez de criticar o que está errado, deveríamos assumir nosso papel de agentes de transformação e protagonistas da mudança, produzindo e testando propostas reais.
Quando essa dinâmica se tornou evidente para mim, desenvolvi uma lista de princípios para ajudarem a guiar as minhas ações. Divido-a aqui, já que acredito que possa servir para quem também está interessado nessa busca:
1. Dedicar todos os esforços e energia para possibilitar a criação de novos modelos (de investimento, de empresa, de relações, de expressão artística, de atividade política etc) que possibilitem um mundo melhor e mais justo, indo além do interesse individual e do ganho pessoal.
2. Utilizar a energia na criação, no lugar da crítica e do conflito. Evitar criticar o modelo atual ou organizações e pessoas que trabalhem em modelos que não são considerados ideais. Da mesma forma, evitar entrar em confronto direto com algo ou com alguém. Na maior parte das vezes, não vale a pena e sua energia acaba sendo gasta à toa.
3. Entender que a evolução é um caminho sem fim. Assumir o “não sei” e saber conviver com as incertezas de um caminho que ainda não foi trilhado. A cada passo, o caminho se abre adiante e é necessário um novo passo para refinar os modelos e criar algo um pouco mais justo e inclusivo.
4. Ser compreensivo e amoroso com você mesmo. Aceitar que, a cada etapa finalizada, as contradições internas da sua forma antiga de atuar ficarão mais evidentes. O foco deve ser em melhorar a prática e não em lamentar os erros passados.
5. Evitar agir como se já tivesse as respostas corretas. Não usar energia para defender suas escolhas ou propostas das críticas dos outros. O ideal é aceitar os feedbacks, assumir uma postura aberta e trabalhar para incorporar as sugestões de melhorias possíveis.
6. Não gastar energia tentando convencer as pessoas a adotarem sua visão de mundo ou as ideias e projetos nos quais você acredita. Em vez disso, buscar criar modelos claramente superiores, mais eficientes e justos, que tornem a adesão à solução proposta inevitável.
7. Ser pragmático e manter os pés no chão. Evitar radicalismos e propostas que estão muito longe da realidade atual. É importante garantir a sobrevivência financeira hoje para, aos poucos, criar as condições que vão permitir voos cada vez maiores.
Agindo dessa forma em tudo o que fazemos e com consistência ao longo do tempo, podemos propor e construir inúmeros projetos. Muitos talvez não deem certo, mas aqueles que forem bem-sucedidos podem se tornar as sementes de um futuro efetivamente melhor para todos nós.
Mãos à obra!
Fonte: Daniel Izzo para Trip - Fotografia: Arek Socha (qimono) para Pixabay